sábado, 31 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Vergílio Ferreira
"Dá-me mais vinho, porque a vida é nada"
Fernando Pessoa
Há doenças piores que as doenças
Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Fernando Pessoa
Há doenças piores que as doenças,
Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Fernando Pessoa - Excerto da poesia "Quando eu era criança", in Cancioneiro
Mas nesta prisão,
Livro único, leio
O sorriso alheio
De quem fui então.
Livro único, leio
O sorriso alheio
De quem fui então.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
São Paulo na prisão, de Rembrandt (1627) - Óleo sobre madeira de carvalho
Cabeça de um Homem Leão (Baco?), de Leonardo Da Vinci (cerca de 1503-1505) - Sanguina sobre papel cor-de-rosa, realçado a branco
Uma grinalda de hera e a cabeça de um leão eram os atributos de Baco, mas este desenho também ilustra a visão comum de que a fisionomia de uma pessoa diz algo sobre a sua personalidade.
Um homem cuja face se parece com a de um leão provavelmente partilha algumas das características do animal. Leonardo frisa especialmente esta trivialidade fisionómica: num dos seus estudos, um homem com semelhanças felinas, tendo mesmo uma pele de leão sobre os ombros, com a cabeça do leão bastante visível.
O Sono, de Salvador Dalí (1937)
O Contador Antropomórfico, de Salvador Dalí (1936)
Construção Mole com Feijões Cozidos - Premonição da Guerra Civil Espanhola (1936), de Salvador Dalí.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Paul Simon: The boy in the bubble
Um concerto tocado para um público de 45000 pessoas em Harare, capital do Zimbabwe, uma segunda opção, uma vez que alguns músicos não podiam actuar na África do Sul por serem exilados políticos. Hoje, decerto que Paul Simon não poderia tocar no Zimbabwe. Como as coisas mudam!...
Aqui ficam as letras!
(Em)En mi pueblo sin pretensión
tengo(B7) mala reputa(Em)ción
haga lo que haga es igual
todo (B7)lo consideran(Em) mal
(C)yo no pienso pues hacer (B7)ningún daño
(C)queriendo vivir fuera del(B7) rebaño.
(Em)No, a la gente no gusta que
uno (B7)tenga su propia(Em) fe,
no, al la gente no gusta que
uno (B7)tenga su propia(Em) fe,
Em-C B7
Todos, todos me miran mal
Em
salvo los ciegos es natural.
Cuando la fiesta nacional
yo me quedo en la cama igual
que la música militar
nunca me supo levantar.
En el mundo pues
no hay mayor pecado
que el de no seguir
al abanderado.
No, a la gente no gusta que
un tenga su propia fe,
no, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe,
Todos me muestran con el dedo
salvo los mancos quiero y no puedo.
Si en la calle corre un ladrón
y a la zaga va un ricachón,
zancadilla pongo al señor
y aplastado el perseguidor.
Eso si que si que será una lata
siempre tengo yo que meter la pata.
No, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe,
no, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe.
Todos tras de mi a correr
salvo los cojos es de creer.
tengo(B7) mala reputa(Em)ción
haga lo que haga es igual
todo (B7)lo consideran(Em) mal
(C)yo no pienso pues hacer (B7)ningún daño
(C)queriendo vivir fuera del(B7) rebaño.
(Em)No, a la gente no gusta que
uno (B7)tenga su propia(Em) fe,
no, al la gente no gusta que
uno (B7)tenga su propia(Em) fe,
Em-C B7
Todos, todos me miran mal
Em
salvo los ciegos es natural.
Cuando la fiesta nacional
yo me quedo en la cama igual
que la música militar
nunca me supo levantar.
En el mundo pues
no hay mayor pecado
que el de no seguir
al abanderado.
No, a la gente no gusta que
un tenga su propia fe,
no, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe,
Todos me muestran con el dedo
salvo los mancos quiero y no puedo.
Si en la calle corre un ladrón
y a la zaga va un ricachón,
zancadilla pongo al señor
y aplastado el perseguidor.
Eso si que si que será una lata
siempre tengo yo que meter la pata.
No, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe,
no, a la gente no gusta que
uno tenga su propia fe.
Todos tras de mi a correr
salvo los cojos es de creer.
domingo, 11 de janeiro de 2009
sábado, 10 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Sinead O´Connor with The Chieftains: The Foggy Dew
The Chieftains: grande banda/ Sinead O´Connor: grande voz.
A canção é muito bonita!
A canção é muito bonita!
Vicente Amigo: Gitano de Lucía (Buleria)
Depois de Guajiras de Lucía, aqui fica Gitano de Lucía! Uma composição com bastante ritmo!
Guajiras de Lucía
O intérprete desta peça de Paco de Lucía é Grischa Goryachev, um russo de St. Petersburg que começou a tocar guitarra aos 7 anos e já conquistou vários prémios. Tem no seu repertório interpretações de peças de Paco de Lucía, Vicente Amigo, Sabicas...Muitas das canções tirou-as de ouvido, o que demonstra estarmos perante um prodigioso. A peça "Guajiras de Lucía" é bem capaz de ser uma das mais difíceis de Paco de Lucía. Como se houvesse alguma fácil! Mas é de muito difícil execução. Grande guitarrista!
domingo, 4 de janeiro de 2009
José Régio: Cântico Negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
O Menino de sua Mãe, de Fernando Pessoa.
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mão. Está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mão. Está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.
Pedro Jóia
Pedro Jóia, acompanhado por Vicky na percussão, toca um original seu que, digo eu, parece conseguir reunir muitos aspectos musicais que cresceram em torno da bacia mediterrânica: o início tem o seu quê de Fado; na sua extensão, desenvolve-se envolta numa sonoridade bizantina, fazendo lembrar o que se toca na Turquia (até faz lembrar um pouco o alaúde); e, em pequenos apontamentos, sobretudo (e isso ao longo de toda a música) na técnica de toque empregue, reporta-nos ao Flamenco, como é mais evidente no início e no final... Ou não tivesse Pedro Jóia tido como mestre Manolo Sanlúcar, que foi, nada mais nada menos, quem fez crescer musicalmente Vicente Amigo!
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