A bordo, 5 de Agosto de 1954

As horas no mar são rasas como ele. Não chegam a ter sentido. Eu, pelo menos, não as distingo. Horas, para mim, são relevos na planície do tempo. (Miguel Torga, in Diário).

Dixit…

Torna-te o destino de ti próprio.
( Vergílio Ferreira).

Não queiras saber tudo. Deixa um espaço livre para te saberes a ti. (Vergílio Ferreira, in Escrever).

Cheguei àquele ponto em que o tédio é uma pessoa, a ficção encarnada do meu convívio comigo. (Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego).

Todos os dias acontecem no mundo coisas que não são explicáveis pelas leis que conhecemos das coisas. Todos os dias, faladas nos momentos, esquecem, e o mesmo mistério que as trouxe as leva, convertendo-se o segredo em esquecimento. Tal é a lei do que tem que ser esquecido porque não pode ser explicado. À luz do sol continua regular o mundo visível. O alheio espreita-nos da sombra. (Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego).

É escusado. Para quem nasce com este meu frenesim, tanto monta a razão como nada. Homem de extremos, hei-de morrer assim, a puxar pelo corpo e pelo espírito até estalar a derradeira fibra (...) (Miguel Torga, in Diário).

Em termos absolutos, o homem é um valor imponderável, inteiro e perfeito como um dogma. Mas em termos relativos, sociais, o homem é o que vale para os seus semelhantes. É na contradição de medida que vai de próximo a próximo que consiste o drama de ninguém conseguir ser ao mesmo tempo amado em Tebas e Atenas (...) (Miguel Torga, in Diário).

Tudo pode ser aprendido de cor__a religião, a arte, a morte. Mesmo a inteligência. É assim possível que um mestre de filosofia ou de matemática(...) seja perfeitamente um atrasado mental. (Vergílio Ferreira, in Pensar).

A verdade és tu. O mais que se segue já não interessa à conversa. Excepto para demonstrares essa verdade, em movimento de recuo. (Vergílio Ferreira, in Pensar).

Estás ridiculamente ajaezado por este mundo. (Franz Kafka, in Antologia de Páginas Íntimas).

A desproporção do mundo parece ser, para nossa consolação, apenas numérica. (Franz Kafka, in Antologia de Páginas Íntimas).

Sou incorrigivelmente ingénuo: conheço os homens, e tanta vez procedo como se os não conhecesse! (José Régio, in Páginas do Diário Íntimo).

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade. (Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego).

Chopin Balada nº1 (Música em que, no filme "O Pianista", Wladyslaw Szpilman toca para o oficial das SS

Nocturno de Chopin em dó sustenido menor